segunda-feira

Álcool e amigos levam jovens (homens) à beira da idiotia

por Jairo Bouer


Na última semana, uma notícia publicada na Folha chamou a atenção para um caso de estupro de uma garota de 14 anos. Ela foi violentada por um grupo de quatro adolescentes e um rapaz de 20 anos, em Cascavel (PR). Além do crime, os jovens produziram imagens que foram parar no YouTube por cinco dias.
Muitos pontos para pensar! Primeiro: mais um crime bárbaro praticado por jovens. Na última semana, mstramos que os jovens no Brasil, hoje, são, muitas vezes, autores e vítimas de diversas formas de violência, inclusive a sexual. Depois, no depoimento à polícia, os jovens disseram que estavam bebendo quando a garota passou por eles.
O álcool, como se sabe, altera nosso controle sobre impulsos e sobre a avaliação do que fazemos. Não é à toa que o abuso de álcool está associado à boa parte de acidentes, de brigas e de outras violências. Um outro fator: na presença do grupo, infelizmente, acontecem com os garotos alterações de comportamento que beiram a idiotia. Valores e atitudes vão pelo ralo! Por que será que tanto garoto que é bem educado, gente boa e que controla seus atos e impulsos, na presença de outros "brothers", fica bobo, imaturo, agressivo, capaz de bater, estuprar e até matar? Será que é só para reafirmar a masculinidade? Será que é para mostrar que ele pode? Será que é para se exibir? Ou, talvez, tudo isso? E, como se não bastasse "cantar de galo" para os companheiros, não é que agora eles sentem necessidade de mostrar seus atos para todo o mundo, gravando vídeo e postando na internet? O que será que esperavam? Aplausos? Honras? Nada justifica a violência! E nada justifica uma agressão sexual, que pode marcar a vida de uma pessoa para sempre.
Os envolvidos devem ser punidos pelos crimes, e a gente tem de refletir sobre qual é a educação que pode fazer com que muitos garotos deixem de olhar para os outros como simples objetos da reafirmação de suas inseguranças e de sua precária masculinidade. Triste!

Originalmente publicado na Folha de S. Paulo de 29/08/2011. Agradeço ao Jairo por permitir essa publicação.

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