quinta-feira

Abaixo às calças!


Falamos muito do que o homem faz as outras pessoas, mas tratemos agora dos muros que se constroem contra o próprio homem.

O machismo construiu para o homem um sólido modo de ser e se comportar, que, por vezes, parece ser mais difícil de ser demolido do que o que ele construiu para a mulher.

Um homem, em pleno ano de 2010, em uma empresa que se considera moderna, foi proibido de trajar bermudas... Nem entraremos nas questões ecológicas e ambientais que incidem também sobre esse tema: a de em um país tropical reproduzir hábitos europeus à custa de muito ar-condicionado, para nos resumirmos aos símbolos que produziram e emanam dessa proibição.

Para tal compreensão hegemônica de homem, a imagem a ser construída é a da seriedade, do respeito, do poder, e da capacidade de provimento. Para isso, é necessária uma sobriedade que não admite certas roupas e comportamentos mais extravagantes, principalmente no famoso “ambiente de trabalho”. Posturas tímidas ou retraídas, homens afeminados demais ou roupas exageradas são logo reprovadas... Contudo, parece ser uma agressão a essa imagem de seriedade, a exibição, pelo homem, de seu próprio corpo. Nesse campo as mulheres já conquistaram mais liberdade que nós e derrotaram alguns preconceitos: mostrar as pernas ou os ombros não mais as qualifica como pessoas indignas de respeito... Para o homem, contudo, está proibido! Mostrar sua singela panturrilha, ao trajar uma bermuda, é um assassinato de reputação! Não há seriedade que possa ser mantida com alguém de bermudas... Não se respeita um homem que não esteja de calças!

É inacreditável o preconceito e o atraso que sofremos... Como está longe o horizonte da liberdade para o homem. Um horizonte em que ele possa ser julgado pelo seu caráter e por suas atitudes, e não pelas calças que veste. A diversidade masculina é mais que nunca uma defesa pelo bem do próprio homem: de ser respeitado, não por sua imagem de poder, mas pelo que realmente é.

2 comentários:

Anônimo disse...

oi guilherme, é a juliana do mestrado, tudo bem? como havia lhe dito, você foi premiado, viva as bermudas!

Charly disse...

que bermuda nada, flávio de carvalho já pregava o new look de verão em 1956