segunda-feira

EMO, por que não?



As tribos juvenis dominam a história recente da adolescência. Fabricadas pelo mundo do consumo ou não, elas representam – dentro de como se estruturou a construção da subjetividade na contemporaneidade – um importante lugar, para os jovens, na formulação de sua identidade e na diferenciação frente à sua família. São raros os adolescentes hoje em dia que se constituem não se valendo de tais grupos.

O mais famoso deles, atualmente, é o dos EMOs. Abreviação de Emotional Hardcore, o EMO é, como muitos outros grupos, oriundo do mundo rock. Contudo, ele se difere dos inúmeros predecessores – como os clubers, grunges, indies, punks... – por possuir um padrão comportamental demasiadamente sentimental, introspectivo e frágil, que por isso mesmo causa repúdio e discriminação principalmente no padrão machista de masculinidade.

A música EMO possui letras introspectivas e sentimentais, um andamento desacelerado e melodias bem acentuadas frente ao Hardcore. O visual típico EMO consiste em trajes pretos, trajes listrados, Mad Rats (sapatos parecidos com All-Stars), cabelos coloridos e franjas caídas sobre os olhos e é extremamente andrógino. Os EMOs são ainda, de modo inédito (talvez só encontre semelhança nos eternos góticos), muito respeitosos quanto a diversidade sexual.

Esse conjunto de características é uma afronta ao padrão dominante de masculinidade, uma vez que “homens de verdade” NUNCA poderiam ser: frágeis, sentimentais, introspectivos, e muito menos se vestirem parecidos com mulher. O crime mais absurdo seria ainda o do alisamento do cabelo e o uso de maquiagem no rosto! Onde já se viu!

Por tudo isso, é preciso festejar a ampliação do repertório da masculinidade que esse grupo juvenil traz para nossa sociedade! E combater, diuturnamente, a violência verbal e física que os adolescentes EMOs sofrem, por parte de outras tribos juvenis, por outros homens e pelos próprios pais, na escola, nas ruas ou nas festas. Talvez seja uma esperança para uma sociedade menos opressora a existência desse grupo, que é tão conflitante aos modos de ser vigente, e representam, sem dúvida, um grande avanço para uma real diversidade masculina!

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